Empresários prometem alto investimento, montagem de time competitivo, arena multiuso no Canindé e reconstrução total do clube; torcedores se emocionam e agora aguardam votação
Na quarta-feira, os torcedores da Portuguesa foram apresentados ao projeto da SAF que promete investir R$ 1 bilhão no clube paulista, sanar as dívidas, construir uma moderna arena multiuso onde atualmente está o estádio do Canindé e recolocar a Lusa na Série A do Brasileirão até 2029.
A SAF é constituída por empresários da Tauá Partners (responsáveis pela gestão), Revee (pela administração do espaço do Canindé) e XP Investimentos (pelo investimento financeiro). A Lusa, agora, corre para fazer os trâmites internos e colocar o projeto em votação até semana que vem.
A oferta por 80% das ações da SAF prevê a reestruturação das dívidas do Portuguesa, hoje estimadas em R$ 450 milhões e que, segundo a atual gestão da Lusa, poderiam ser quitadas em R$ 250 milhões; a remodelação do complexo do Canindé, o que inclui a construção de um novo clube social e uma arena multiuso, com investimento de R$ 500 milhões; e um aporte de R$ 263 milhões no futebol até 2029, sendo R$ 30 milhões em 2025.
– Estamos aqui para prometer muito trabalho e um investimento para termos times competitivos naquilo que fomos disputar. Ninguém está prometendo títulos. A história recente mostra que clubes bem administrados são os que ganham. Vejam o exemplo do Botafogo, estava acabado até alguns anos, e hoje está na final da Libertadores – discursou André Berenguer, sócio da Tauá Partners.
Investimento no futebol
A apresentação foi feita por Berenguer e Alexandre Bourgeois, ex-CEO do São Paulo nas gestões de Carlos Miguel Aidar e Leco. Por mais de duas horas, a dupla expôs aos torcedores detalhes do projeto que tem como meta a “reconstrução” do futebol da Lusa.
Além da formação de um time competitivo, os responsáveis pela SAF citaram a modernização do centro de treinamento e um investimento alto nas categorias de base para recuperar a identidade formadora da Portuguesa.
De 2025 a 2029, os R$ 263 milhões disponíveis para o futebol seriam distribuídos da seguinte forma:
- Investimento no futebol de base – R$ 44 milhões
- Compra de jogadores – R$ 50 milhões
- Folha salarial (considerando os próximos cinco anos) – R$ 144 milhões
- Investimento no CT – R$ 18 milhões
- Futebol feminino – R$ 7 milhões
Projeções
Os empresários também citaram as metas esportivas para os próximos anos. A projeção é de acessos seguidos nas divisões inferiores do Campeonato Brasileiro, retornando à elite em 2029.
No Paulistão, a expectativa é de que a Portuguesa se mantenha na Série A1 e, nas temporadas 2028 e 2029, termine a competição entre os quatro melhores times do estado de São Paulo.
Importante ressaltar que a Lusa não disputa a Série A do Campeonato Brasileiro desde 2013, quando foi punida com a perda de quatro pontos pela escalação irregular do meia Heverton na última rodada daquela temporada. Dali em diante, o clube empilhou quedas nas divisões nacionais e não conseguiu se reerguer.
Em 2024, a Portuguesa disputou o Campeonato Paulista no primeiro semestre parando nas quartas de final ao ser derrotada, nos pênaltis, para o Santos. Na segunda metade do ano, a equipe jogou a Copa Paulista, mas parou nas semifinais.
No ano que vem, além de novamente jogar a elite do Paulistão, a Lusa disputará a Série D do Campeonato Brasileiro e, ao que tudo indica, terá uma vaga na Copa do Brasil.
Choro e comoção
Além das promessas por um futuro melhor, a apresentação do projeto da SAF foi marcada pelas demonstrações de nostalgia e euforia. Em determinados momentos houve gente indo às lágrimas, abraçando familiares e se emocionando com as projeções demonstradas nos slides.
Por mais de uma vez, o discurso dos empresários foi interrompido para que os torcedores entoassem cânticos de arquibancada em uma clara demonstração de aprovação ao projeto.
– Vamos todos cantar e ir em frente para tirar a nossa Lusa dessa gente! Vamos Portuguesa, sua história é tão bonita, por você sou capaz de dar minha vida. Honrem nossas cores, lutem por nós, torcedores, a Leões (da Fabulosa) sempre irá honrar seu nome.
A Arena Canindé
A Revee, que entraria na SAF como responsável pela demolição do estádio do Canindé e construção de uma moderna arena multiuso, não enviou representantes.
Contudo, de acordo com as informações apresentadas pelos sócios da Tauá, a nova casa da Lusa teria capacidade para pouco mais de 30 mil pessoas em dias de jogos e por volta de 45 mil em dias de shows. A ideia é criar um novo espaço para grandes eventos em concorrência ao Allianz Parque e ao Morumbis.
O estádio do Canindé está localizado em uma região central da capital paulista e de fácil acesso para usuários do transporte público coletivo. Além disso, a Rodoviária do Tietê, que conecta São Paulo ao resto do Brasil e da América do Sul, está a menos de dois quilômetros do terreno.
Fora a arena, o projeto prevê a construção de um novo clube social com piscinas cobertas, quadras de tênis, quadras poliesportivas, espaço kids, áreas de convivência e estacionamento.
Prazo curto
O grupo composto por Tauá Partners, Revee e XP Investimentos quer uma resposta ainda neste mês para ter tempo de assinar o contrato da SAF, assumir o futebol da Portuguesa e montar às pressas o elenco que disputará o Campeonato Paulista de 2025.
No momento, as minutas do acordo estão sob análise do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização), que deve emitir um parecer até sexta-feira. O órgão tem caráter consultivo e, por isso, não tem o poder de aprovação ou veto ao projeto.
Após o posicionamento do COF, o Conselho Deliberativo será convocado para a votação da SAF. Caso os conselheiros deem o sinal positivo, a Portuguesa convocará todos os seus sócios a votarem em uma assembleia geral. Atualmente, segundo as informações da atual gestão, o número de adimplentes do clube não chega a 300.
– O contrato e o estatuto da SAF estão nas mãos do COF, que contratou especialistas para finalizar a análise jurídica. São contratos grandes com muitas páginas. Isso (parecer do COF) tem que estar pronto na sexta ou sábado, e na segunda-feira temos que marcar a reunião do Conselho. Na terça ou na quarta, temos que fazer a assembleia para assinar o contrato e montarmos o time do Campeonato Paulista já sob a gestão da SAF – explicou o presidente Antonio Carlos Castanheira.
* Colaborou sob supervisão de Leandro Canônico.
Fonte: GE