Taça do Brasileirão: Cada vez mais próxima do Botafogo - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Fluminense se complica na luta pela permanência na elite do Campeonato Brasileiro, Bragantino tem a maior queda percentual entre os ameaçados, e Cuiabá é rebaixado para a Série B

Pegou fogo de vez a reta final do Campeonato Brasileiro. O jogo mais esperado da competição entre Palmeiras e Botafogo foi dominado pelo Alvinegro na maior parte do tempo, que venceu por 3 a 1 com todos os méritos, no Allianz Parque, e inverteu as chances de título saindo de 28,80% no sábado para 75,79% nesta terça-feira. A equipe carioca reassumiu a liderança a dois jogos do fim e abriu três pontos de vantagem para o rival paulista.

O Palmeiras fechou os confrontos contra os demais integrantes do G-5 do Brasileirão sem vencer nenhum de seus principais concorrentes ao título. Em oito duelos contra Botafogo, Internacional, Fortaleza e Flamengo, foram quatro empates e quatro derrotas com aproveitamento de apenas 17% dos pontos disputados nestas partidas. Após a alegria de assumir a liderança pela primeira vez no Brasileirão 2024 no último sábado e chegar a 69,74% de possibilidades de ser campeão, a queda foi brusca, e as chances alviverdes agora estão em 22,79%. O sonho do tri não acabou, mas ficou distante.

Como o confronto entre líder e vice-líder foi válido pela 36ª rodada, os dois principais concorrentes voltam a campo pelo campeonato nacional apenas na quarta-feira da semana que vem. Ambos têm duelos difíceis e longe de seus domínios. O Botafogo vai a Porto Alegre encarar o Internacional, que ainda alimenta uma pequena esperança de título, enquanto o Palmeiras estará em Belo Horizonte para enfrentar o Cruzeiro.

O Colorado está com 1,04% de chances de título e, antes do duelo contra o Botafogo, pega o Flamengo no fim de semana pela 36ª rodada. Bom para o Inter que a equipe rubro-negra não tem mais nenhuma possibilidade de ficar com a taça após empatar sem gols diante do Fortaleza. O Tricolor cearense mantém um pequeno percentual de esperança: 0,38%.

As chances são determinadas por modelos estatísticos aplicados pelo economista Bruno Imaizumi sobre microdados coletados pela equipe do Espião Estatístico desde 2013. Foram analisadas as características de todas as finalizações e resultados de 4.530 jogos de Campeonatos Brasileiros que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da métrica de expectativa de gol (xG), consolidada internacionalmente.

Por exemplo, se uma equipe com desempenhos ofensivos e defensivos apenas medianos será visitante no segundo turno contra adversários que estejam com as melhores performances mandantes, as chances desse visitante vencer são menores do que de um time eficiente e de alta produtividade ofensiva que tem agendados confrontos contra adversários que, neste momento, estejam com os piores desempenhos caseiros.

Porém, conforme novos jogos são disputados, os potenciais futuros mudam, rodada a rodada. Essas são algumas possibilidades que explicam quando as chances não acompanham exatamente as posições atuais da tabela de classificação: os potenciais futuros são diferentes dos resultados já conhecidos, entre outros motivos, devido à inversão de mandos no returno.

Os dados ajudam a calcular o potencial que cada equipe tem para vencer os jogos restantes, considerando mando de campo e outras características ao fazer 10 mil simulações para cada partida a ser disputada.

Chances de permanência

Fluminense e Criciúma empataram sem gols e tiveram diminuídas as suas chances de permanência na Série A, mas, para o Tricolor carioca foi pior. A equipe carioca desabou de 67,43% para 55,66%, a segunda maior queda da 35ª rodada: 11,77 pontos percentuais. O Tigre foi de 48,58% para 43,73% de possibilidades de seguir na elite em 2025 e ficou no Z-4 a três jogos do fim do Brasileirão.

No fim de semana, quem joga em casa é o Criciúma, que pega o embalado Corinthians, enquanto o Fluminense terá uma parada dura diante do Athletico-PR, na Arena da Baixada. Apenas dois pontos à frente do Tricolor e com 93,25% de chances de permanência, o Furacão pode se afastar de vez da zona de rebaixamento com uma vitória contra um adversário direto.

O Cuiabá se junta ao Atlético-GO e é o segundo rebaixado no Campeonato Brasileiro. A tendência é que o próximo seja o Bragantino, se a equipe do interior paulista não emendar uma vitória na próxima rodada contra o Cruzeiro, em Bragança. O Massa Bruta teve a maior queda nas chances de permanência após a 35ª rodada – 15,30 pontos percentuais – indo de 45,52% para 30,22%.

A principal notícia na parte de baixo da tabela foi a vitória do Juventude sobre o Atlético-MG, em Belo Horizonte, em jogo adiantado da 36ª rodada. A equipe gaúcha foi de 58,03% para 87,21%, uma ótima subida na luta pela permanência: 29,18 pontos percentuais. O Ju volta a campo só na quarta-feira da semana que vem para encarar o São Paulo, no Morumbis.

Libertadores

Mesmo perdendo para o Botafogo e diminuindo suas chances de título, o Palmeiras matematicamente garantiu participação na fase de grupos da próxima Libertadores por conta dos resultados da 35ª rodada. O Flamengo, por ter vencido a Copa do Brasil, também está assegurado na fase principal da competição sul-americana e, por estar em quinto lugar no Brasileirão, abre uma vaga para o sétimo colocado na disputa continental.

Além dos três já citados, Internacional, Fortaleza e São Paulo não perdem suas posições no G-7 do Brasileirão, o que transforma a luta pelo sétimo lugar num campeonato à parte e extremamente disputado. No momento, Cruzeiro, Bahia e Corinthians estão empatados em 47 pontos com vantagem em número de vitórias e saldo de gols para a Raposa. Por isso e por ter um jogo a menos, pois fecha a 35ª rodada nesta quarta-feira, contra o Grêmio, em casa, as chances de ficar no G-7 são de 54,25%. A ver como a equipe celeste vai reagir após perder a final da Copa Sul-Americana, que também lhe daria a vaga na Libertadores de 2025.

Totalmente livre do rebaixamento, o Corinthians surge com muita força na reta final do Brasileirão. São seis vitórias consecutivas e sete jogos de invencibilidade. As chances de ficar no G-7 são de 17,55%, mas, antes da arrancada a partir da 30ª rodada, o Timão sequer era citado como uma equipe com possibilidades de disputar a Libertadores. Soma-se a isso que, naquele momento, os cálculos eram feitos em cima do G-6, que, de fato, não é uma posição possível para o Alvinegro. No entanto, mesmo as possibilidades de chegar entre os sete primeiros seriam bem baixas àquela altura.

O Bahia aparece com mais chances de ficar entre os sete melhores do Brasileirão que o Corinthians: 26,23%. O momento tricolor, porém, é bem mais complicado. Os comandados de Rogério Ceni não vencem há sete partidas no Brasileirão; desde 29 de setembro no 1 a 0 sobre o Criciúma. A hora da virada para a equipe baiana precisa ser no próximo sábado, quando vai à Arena Pantanal enfrentar o rebaixado Cuiabá. E depois tem um confronto direto justamente contra o Corinthians, na Neo Química Arena, em um dos jogos que mais chamam a atenção nesta reta de chegada do campeonato.

Vale lembrar que, em caso de título do Botafogo na final da Libertadores do próximo sábado, o G-7 vai virar G-8 e mais equipes podem almejar uma classificação à competição continental da próxima temporada. Se a taça for levantada pelo Atlético-MG, seguimos calculando o G-7 porque dificilmente o Galo vai conseguir se colocar entre os sete melhores do Brasileirão para abrir o G-8.

Metodologia

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em todos os jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Gustavo Figueiredo, Igor Mattos, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti.

Fonte: GE

By Leo