Kelvin, ex-lateral-direito do Bangu, após passar por cirurgia no joelho — Foto: Arquivo Pessoal

Lateral-direito Kelvin rompeu ligamento do joelho em 2019 e acusa Bangu de não prestar assistência. Perícia atesta incapacidade de voltar a jogar bola; clube se defende

Kelvin Ferreira, ex-lateral-direito com passagens por equipes como Volta Redonda e CSA, recentemente acionou o Bangu na Justiça pedindo indenização por danos morais e pensão vitalícia por uma lesão sofrida em 2019 que acabou comprometendo a sequência da sua carreira.

A ação corre na 55ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro. Entre todos os pedidos, o ex-atleta espera receber cerca de R$ 1,1 milhão. Ele aposentou-se em definitivo em 2022 por conta das dores e no momento trabalha como entregador e lavador de carros.

Kelvin alega que rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo durante um treino no Bangu. Ele foi operado em dezembro de 2019, mas contraiu uma infecção na região da lesão e, por conta disso, precisou passar por outras duas cirurgias, em janeiro e julho de 2020.

O que baseia seu pedido no processo é o laudo de uma perícia médica realizada em setembro do ano passado. Nele, a perita constatou a “incapacidade permanente para a função habitual de jogador de futebol” e o comprometimento em 5% de sua capacidade laboral, independentemente da função.

“Pode exercer atividades moderadas que não causem sobrecarga acentuada no joelho”, concluiu um trecho do laudo.

– Eu entendo que isso tudo aconteceu numa pandemia, mas eu fui prejudicado – contou Kelvin ao ge.

– Um jogador que se machuca com a minha lesão, ele faria 10 sessões de fisioterapia na semana. No meu tratamento, eu fazia três, quatro sessões. Uma coisa é estar fora dos gramados, não conseguir treinar por causa de uma pandemia. Outra coisa é a fisioterapia, que poderia ocorrer normalmente – completou o ex-jogador, que é representado na ação pelo escritório Lucas Silva Advocacia Esportiva.

“Na minha recuperação, não tive apoio do Bangu nisso. O fisioterapeuta não tinha dinheiro para ir no treino, eu não tinha dinheiro para ir porque os salários estavam atrasados, o fisioterapeuta também, então ele não podia me tratar”, concluiu.

Kelvin voltou a treinar no Bangu em 2020, mas teve seu contrato encerrado. Em seguida ele passou por Pinheiro (Maranhão), Murici (Alagoas) e Petrópolis. Seu último clube foi o Tigres, de Xerém. O ex-lateral-direito conta que, por conta da lesão e da negligência no processo de recuperação, não conseguiu mais render.

– Eu consegui fazer poucos jogos de 90 minutos, não consegui render nada do meu futebol. E eu, nos outros clubes, no CSA, Bangu, eu era sempre destaque nos jogos, jogava todos. Depois da minha cirurgia, eu não tive o mesmo rendimento. Não consegui jogar mais. Chegou um momento que eu mesmo não queria mais tirar espaço de ninguém – disse.

“Eu peço a indenização porque acho que é o certo. Parei de fazer o que eu sempre fiz a minha vida toda, o que eu amava fazer, por um erro”, completou.

O que diz o Bangu

O Bangu foi procurado, mas não retornou até a publicação da reportagem. O texto será atualizado com o posicionamento do clube.

Na Justiça, o jurídico do Bangu nega a maior parte das acusações. O clube reconhece o hábito de atrasar salários em função da crise financeira, mas diz que prestou assistência ao jogador e contesta a alegação de que Kelvin se machucou durante um treino.

“Quanto a alegação do acidente de trabalho, a reclamada rechaça tal afirmativa de que o autor sofreu lesão durante treino oficial da reclamada, uma vez que tal fato não ocorreu. Contudo, mesmo ciente da lesão do reclamante, a reclamada prestou toda a assistência necessária ao atleta, inclusive conseguiu que o reclamante fizesse as cirurgias necessárias no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, hospital referência dessa área no país”, diz um trecho da contestação.

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Fonte: GE

By Leo