Fábio Mota cita contratações de time paulista e falta de pagamento de dívidas e exige sanções a dirigentes que não cumprem obrigações: “Muitos deveriam estar presos”
A sexta-feira foi de entrevista coletiva no Vitória para anúncio de novo patrocinador, renovação de contrato com o atacante Osvaldo e também projetar o futuro do clube, que contratou um escritório para debater o assunto Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Mas a conversa com a imprensa foi ainda mais movimentada. O presidente Fábio Mota aproveitou o momento para criticar a falta de fair play financeiro no Brasil e citou o Corinthians.
— [Clubes com] investimento muito maior, que continuam contratando sem pagar ninguém. Não têm fair play. O Corinthians contratou jogador para pagar R$ 3 milhões por mês, brigando com a gente cabeça a cabeça. Enquanto isso não consegue pagar o salário do mês — disse Mota
O mandatário rubro-negro condenou a postura da diretoria do time paulista e cobrou responsabilização dos dirigentes que não cumprem obrigações. No início desta semana, o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, disse que o clube paulista estava “dando um golpe no futebol brasileiro”.
— E deve mais de R$ 2,5 bilhões. Essa loucura tem que acabar. Tem que ser responsabilizado. Tudo no Brasil tem lei. No futebol não é assim — completou o presidente do Vitória.
Para Fábio Mota, posturas semelhantes desequilibram o futebol brasileiro e afastam possíveis investidores.
— Uma das razões para ter poucos investidores é isso. Eu sou o presidente, mas tenho equipe. Na Série C trouxemos um diretor faltando nove rodadas. Quando você acredita no trabalho, no projeto, tem que ir com ele até o fim. Meu planejamento sempre foi estar na Sul-Americana ano que vem. Precisamos fazer a mudança, saindo Léo Condé, que foi muito importante para a gente. Montamos uma nova equipe, que é a base do ano que vem. Se fosse esperar a morte chegar, já teria jogado a toalha a essa altura. O Vitória tem aproveitamento de 47% no segundo turno. O homem precisa ser julgado pelos erros e acertos — concluiu Fábio Mota.
Quanto ao assunto SAF, Fábio Mota elogiou o modelo do Fortaleza, inspirado no Bayern de Munique, da Alemanha, no qual a Associação mantém o controle majoritário do clube. Contudo, o dirigente criticou os parceiros encontrados por Vasco e Cruzeiro. No caso do clube carioca, a Justiça carioca afastou a 777 Partners do controle da SAF. Quanto à Raposa, Ronaldo Fenômeno revendeu as suas ações para Pedro Lourenço.
— O Brasil não tem fair play, limite de gastos entre clubes. Não sei se alguém viu dirigente de clube preso. Muitos deveriam estar presos. Acabaram com clubes Isso aqui é uma terra sem lei — opinou.
— Muita gente com conta rejeitada. O cara assume clube de futebol, pipoca orçamento e larga a bomba lá. Não existe fair play no Brasil. Não existe limite de gastos. E se você faz uma SAF e encontra qualquer um… Um exemplo é o Vasco, que fez uma SAF e entregou para qualquer um. O Vasco voltou a ser Associação, e as dívidas ficaram. Não pode entregar clube para qualquer um. Tem que ver quem é o investidor — analisou o presidente do time baiano.
Fábio Mota disse que o Vitória não vive situação semelhante a de outros clubes que fizeram a SAF, como Cruzeiro e Botafogo.
— Vitória é uma instituição saudável, apertada financeiramente, mas que paga os seus funcionários e jogadores adiantado. Todo dia é uma guerra para pagar as contas — afirmou o presidente.
— Diferentemente dos outros clubes. A dívida do Vitória deve ser R$ 180 milhões. O Cruzeiro, que devia R$ 1 bilhão e tanto, o Botafogo, R$ 1 bilhão e tanto, que fizeram a SAF… Ou fazia a SAF ou fechava as portas.
Fábio Mota assumiu o comando do Vitória não final de 2021, quando Paulo Carneiro foi afastado e, posteriormente, destituído do comando do clube. O Rubro-Negro foi rebaixado naquele ano, mas, nas temporadas seguintes, conseguiu dois acessos: da Série C para a Série B e depois para a Primeira Divisão.
Em 2024, o Vitória luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro e está a três pontos do Corinthians, primeira equipe fora da degola e que tem uma partida a menos.
Fonte: GE