Rodriguinho em ação no Corinthians x Palmeiras de 2018 — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Sem jogar desde abril de 2023, pelo Cuiabá, jogador de 35 anos anuncia novos planos, revisita glórias e admite: “Às vezes passava da linha, era um pouco irresponsável”

Rodriguinho tomou um café com a nova diretoria do Corinthians no dia 8 de janeiro, no CT Joaquim Grava. O encontro, porém, não serviu para que ele negociasse um possível retorno ao time em que foi bicampeão brasileiro e bicampeão paulista. Foi para contar que, em 2024, será mais um ex-jogador a se tornar empresário de futebol.

Aos 35 anos, Rodriguinho agora está aposentado dos gramados.

– Fui só conversar com o novo presidente, conhecê-lo e me colocar à disposição para qualquer coisa que precise. Independentemente da política que existe no futebol, sou muito corintiano e muito brasileiro, torço para todos os clubes. Mas o Corinthians tem um espaço especial no meu coração. Então me coloquei à disposição para qualquer coisa que fosse preciso – disse o ex-camisa 26.

Anunciada nesta sexta-feira em conversa exclusiva com a reportagem do ge, a decisão de Rodriguinho de se aposentar foi tomada ainda em abril de 2023, na saída do Cuiabá. Os nove meses que se passaram desde a rescisão serviram para que ele amadurecesse o que fazer no pós-carreira.

A opção escolhida pelo agora ex-jogador, que foi revelado pelo ABC e que também passou por clubes como Bragantino, América-MG, Corinthians, Grêmio, Al-Sharjah-EAU, Pyramids-EGY, Cruzeiro, Bahia e Cuiabá, foi seguir no futebol, agora como empresário e sócio do ex-meia Dudu Cearense.

– Não tivemos o privilégio de jogarmos juntos, só contra. Mas ele veio com um grande amigo que faz parte da sociedade que estamos montando nessa empresa, o Léo Dias, que nos oferece apoio jurídico. Eu e o Dudu viemos como ex-atletas, mercado financeiro e outras coisas, e esse apoio jurídico no exterior. É uma nova ferramenta para dar todo o apoio aos atletas, para que tenham um planejamento de carreira muito bom e que não sejam passados para trás, como a gente vê muito no futebol.

A ligação com o Corinthians, claro, é a maior do jogador em seus 18 anos de profissão. Entre 2014 e 2018, Rodriguinho viveu momentos distintos: uma primeira passagem de dificuldade em 2014/15, com dois empréstimos, e depois um grande protagonismo entre 2016 e 2018. Chamado pelo ex-presidente Andrés Sanchez de “bandido do bem”, o jogador lembrou como isso repercutiu naquela ocasião:

– Esse negócio que ele falou de bandido do bem tem uma história engraçada. Eu fiz um aniversário em São Paulo numa barbearia, e ele foi com alguns jogadores do Corinthians. E eu chamei também algumas pessoas da minha família, como minha mãe (Maria da Salete) foi. E ela estava muito brava com ele por esse negócio de bandido do bem. Daí, quando chegou na festa, estava tudo tranquilo, eu fui apresentá-lo para ela. Ele falou: “Prazer, sou o Andrés”, daquele jeito dele. Aí ela disse: “Eu sei muito bem quem você é, você chamou meu filho de bandido. Nada disso, bandido meu filho não é, ele é do bem”. Foi a primeira vez que eu vi o Andrés sem graça na vida. Eu dei muita risada – lembrou ele.

– Eu de fato gostava de sair e fazer minhas coisinhas, ninguém é de ferro (risos). No futebol é difícil conseguir sair, ter momentos bons e ninguém encher o saco. Você tem que tomar cuidado quando pode fazer isso. Eu até passava um pouco da linha às vezes, era um pouco irresponsável. E o Andrés é uma figura, um grande amigo que fiz na bola. A gente tinha muitas conversas legais, sempre fomos parceiros no trabalho. Quando era trabalho, era super sério, sem problemas – recordou.

Em meio a tantas histórias, conquistas e amigos no futebol, a decisão de parar para Rodriguinho exigiu maturidade. Afinal, ele precisou entender que seu corpo e sua mente já não acompanhavam a carreira desde que teve de passar por duas cirurgias na lombar por hérnia de disco em 2019, no Cruzeiro.

– O futebol é um meio que gira muito dinheiro, eu ganhava um ótimo salário. Prolongar é bom, óbvio, todo mundo quer, mas existem outras limitações, como a lesão que citei. Depois que saí do Cruzeiro… A cirurgia (na lombar) foi bem sucedida, mas deixa sequelas. Às vezes vai travar o corpo e você não consegue andar. Depois de um jogo, são dois ou três dias para recuperar. Muitas dores você tem que suportar. Às vezes, com um simples giro, você tem que ficar na fisioterapia uma semana de manhã e à tarde para voltar ao normal. Eram coisas que iam machucando muito… Tomar remédio para dormir e ao acordar para não sentir dor. Isso prejudica o bem-estar.

– Você começa a colocar na balança realmente o que é importante, se é estar bem, com saúde, ou ganhar bem. Para mim, a balança estava pendendo mais para o bem-estar, eu já estava atingindo uma certa idade, lidando com dores. Optei por fazer algo que não machuque meu corpo, como acontece no esporte de alto rendimento.

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Fonte: GE

By Leo